segunda-feira, 12 de maio de 2008

O mar está invadindo Atafona




Cristina Tosta

Atafona é um distrito do município de São João da Barra, localizado no Norte Fluminense, próximo a cidade de Campos dos Goytacazes no estado do Rio de Janeiro. A combinação de sol, mar e areias monazíticas, que possui vários benefícios medicinais, atraem turistas de diversos lugares. Porém, a paisagem litorânea é de destruição. Inscrições apocalípticas nas paredes dos prédios, construções em ruínas. Ruas e quarteirões que não existem mais. E o mar avançando cada vez mais sobre a cidade.
O rio Paraíba do Sul deságua na praia de Atafona. As fortes ondas do mar invadem a cidade e o processo de erosão marinha transformou, ao decorrer dos anos, as moradias em escombros. O fenômeno ocorre desde a década de 50 e nos últimos 30 anos, mais de 150 casas, em 14 quarteirões foram destruídas.
E uma das causas desse cenário de destruição é a diminuição da força do rio Paraíba do Sul. Essa redução da vazão se deve as represas ao longo do rio que acabam por diminuir e regularizar sua força.
Os habitantes se perguntam se um dia haverá uma trégua. "O Paraíba continua secando e o mar, avançando", lamenta a vendedora Manuela Monteiro. Nascida em São João da Barra, ela viu várias casas irem a baixo. “É muito triste ver o mar e o cenário de destruição”.
Em 2003, foi iniciado o Projeto Atafona, desenvolvido pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O objetivo é levantar dados para descobrir os principais agentes da dinâmica erosiva e para estimar a velocidade e a intensidade do fenômeno para os próximos anos. Com isso, eles tentam desvendar as possíveis causas da erosão e até mesmo saber que conseqüências o aquecimento global pode trazer à região.
"Atafona fica em uma porção do delta do rio que se projeta em direção ao mar. De pelo menos dez mil anos para cá, o delta como um todo vem avançando em direção ao oceano, tendo em sua ponta mais avançada Atafona e, portanto, sujeita aos processos erosivos", explica o geólogo e um dos coordenadores do projeto Alberto Figueiredo.

Conheça o Projeto Atafona

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